
É assim que se sentem os portadores de fibromialgia, explica Ana Márcia Proença, educadora física e terapeuta corporal que atende pacientes com o problema que, atualmente, vitima principalmente as mulheres. Os portadores desta síndrome dolorosa de origem ainda desconhecida costumam enfrentar uma maratona até chegar a um diagnóstico, normalmente é difícil e demorado. Com predominância entre o sexo feminino (cerca de 80% a 90% das pacientes são mulheres entre 30 e 50 anos), as pacientes costumam chegar ao consultório médico com no mínimo três dos seguintes sintomas:
- Dores fortes e difusas nos músculos, tendões, ligamentos e articulações por mais de 3 meses
- Fadiga e distúrbios de sono
- Sensação de queimação e/ou contrações espasmódicas nos músculos
- Hipersensibilidade ao toque
- Dificuldade de concentração e perda de memória
- Enxaquecas crônicas
- TPM forte, com náuseas, fortes alterações de humor e dores abdominais
- Problemas digestivos como diarréia, intestino preso e gases
- Disfunção Temporomandibular (na lateral da testa e no queixo, perto das orelhas) ou algum desconforto ou dor constante na mandíbula
- Dormência e formigamento
- Ansiedade e depressão
- Ser portador de Lupus Eritematoso Sistêmico, Síndrome da Fadiga Crônica, osteoartrose, Artrite Reumatóide, hérnia de disco ou osteoporose
Ou seja, nos exames não aparece nenhum problema visível nas articulações ou músculos. Na prática, o paciente perde a capacidade de regular a sensibilidade dolorosa. Os níveis de produção de serotonina (neurotransmissor responsável pela liberação de alguns hormônios, controle da dor, sono e apetite, entre outros) diminuem e surge a hipersensibilidade a estímulos que normalmente não causariam dor. “Eu me sentia cansada o dia todo, já acordava fatigada”, conta a alemã naturalizada brasileira Christel Hunsaker, 63 anos. “E a dor foi aumentando, chegou num ponto em que nem saía mais, de tanto que doía”. Demorou mais de um ano para me diagnosticarem com fibromialgia, revela.
Os músculos carregam nossa história de vida, nossa memória afetiva, sentimentos, pensamentos e reações, externalizadas ou não. “A serotonina, substância associada a esse quadro, não é apenas a responsável química pela transmissão da dor, mas também pela nossa capacidade de sentir prazer”, analisa Ana Márcia Proença. Concordar com tudo, negar nossas raivas e ressentimentos e a necessidade de agradar os outros em detrimento de nossos próprios anseios e necessidades tornam as mulheres mais suscetíveis ao desenvolvimento dessa síndrome. “É algo que vai além de questões hormonais”, diz a terapeuta.
Medicamentos para aliviar a dor, diminuir a ansiedade e regular os neurotransmissores (sempre receitados pelo médico) Programa de exercícios e condicionamento físico para fortalecer a musculatura
Terapia para compreender os mecanismos internos e promover a solução de conflitos
Relaxamento ativo e passivo para diminuir a tensão muscular
Massagem (shiatsu, ayurvédica etc)
Práticas de yoga e tai chi
Calatonia (tratamentos com toques sutis pelo corpo)